Linha dos Pretos Velhos na Umbanda
O que é Preto Velho?
E é muito pertinente porque nós vamos falar sobre os Pretos Velhos, a primeira manifestação de um Preto Velho na Umbanda, também por meio de Zélio de Moraes, aconteceu no dia 16 de novembro de 1908, na casa da família de Zélio de Moraes, onde Zélio incorporou o Caboclo das Sete Encruzilhadas primeiro e ali o começou a dar as orientações de como seria a religião. Logo depois, ele incorpora Pai Antônio, contudo, Zélio não inventou a incorporação de Preto Velho, mas essa foi a primeira manifestação de um Preto Velho dentro do contexto da nova religião que estava sendo anunciada. Pai Antônio, o Preto Velho de Zélio de Moraes pede um cachimbo e se inicia o uso de também, outros elementos litúrgicos como o uso das guias, dos colares consagrados que são as nossas guias dentro da religião de Umbanda. E ali as entidades de Umbanda junto de Zélio de Moraes começam a usar elementos, beber o café, beber pinga, beber vinho, não por apego, jamais por vício, mas porque a nossa religião é mágica, ela se utiliza desses elementos.
Quem é o Preto Velho?
Quando falamos de Preto Velho, isso logo nos remete ao sinônimo de negro ancião que foi escravo, Preto Velho é um sinônimo desse período em que o negro fora escravizado.
É importante definir que negro é raça, preto é cor, então o uso do termo Preto Velho não serve pra identificar um negro ancião, porque preto é cor. No entanto, dentro da Umbanda Preto Velho já é algo aceito que revela um mistério ancião, uma ancestralidade aquele já foi criança, foi jovem e adulto e que agora colhe os frutos de uma vida bem vivida e toda sabedoria que os cabelos brancos e barbas brancas nos revelam.
O que o Preto Velho representa para religião de Umbanda?
Essa linha de trabalho representa o um respeito pelo mais velho, um respeito pelo ancião, pelo mistério ancião, pelos Pretos Velhos e as Pretas Velhas. Então, a primeira coisa a se compreender: nem todo Preto Velho foi um negro escravo, mas o Preto Velho o representa e é uma homenagem àqueles que foram escravos no Brasil, mas não podemos afirmar que todo Preto Velho foi um negro escravo no Brasil. Essa questão fica muito clara quando consideramos que na época da colonização do Brasil pelos Portugueses, a expectativa de vida dos negros era de aproximadamente 45 anos, sendo assim quantos negros se tornaram ancião? Os escravos eram comprados e vendidos como mercadoria ou animais, e o comprador já contava com uma expectativa de vida para avaliar o preço do escravo – Trabalhavam em serviços forçados um escravo adulto não viva mais que 10 ou 15 anos
Então um escravo homem que tivesse 18,20 ou 21 anos vivia mais 10 ou 15 anos, e não costumavam passar dos 45 anos, assim poucos escravos se tornavam anciões, poucos escravos ser tornavam velhos.
Desses poucos que se tornaram velhos, praticamento era muito difícil que realmente fossem sábios e iluminados menos ainda eram realmente homens iluminados.

Então meus queridos irmãos e irmãs, quando falamos na Umbanda de Preto Velho, estamos fazendo uma referência e homenagem aqueles negros e negras que foram escravizados e catequizados, e assim essa linha atrai espíritos iluminados que realmente foram escravos em uma ou algumas de suas encarnações criando assim a linha de Preto Velho no astral. Porque eles começaram a trabalhar para ajudar as pessoas e assim começaram a regimentar, a unir, a juntar, espíritos para ajudá-los e que se propuseram a trabalhar em nome deles, isso é hierarquia. Então, o Pai Benedito começou a trabalhar no astral e muitos começaram a trabalhar junto deles, mas nenhum deles trabalharam em nome de si, trabalharam em nome de Benedito, então se apresenta: “Quem é você?”, “Eu sou aquele que vem em nome de Benedito” e daí “Quem é você?”, “Eu sou o Benedito”, eles assumiram um arquétipo do Benedito, assumiram o arquétipo de João, de Joaquim. Observamos, que a Umbanda fala muito do valor da raça vermelha, do valor da raça negra.
Mas quando dizemos: “Eu trabalho com Pai Benedito de Aruanda”, milhares e milhares de pessoas trabalham com o mesmo Benedito de Aruanda, mas não é o mesmo espírito, são vários espíritos que usam o mesmo nome, Benedito de Aruanda foi só um, aí está respondido. Então, nós temos alguns negros que foram escravos no Brasil, que fundaram e criaram a linha de Preto Velho e assim temos: Pai Joaquim, Pai Jacó, Pai José, Pai Benedito, Vovó Maria, Vovó Maria Conga, Vovó Ana, Vovó Cambinda e outros, assim estão os Pretos Velhos e as Pretas Velhas, que se manifestam com simplicidade e carinho utilizando nomes de falanges que simbolizam nomes de negros africanos que foram catequizados pela igreja católica.